Batismo de Sangue
O filme trata do período da ditadura militar entre os anos de 1964 e 1985 no Brasil, mas focando nos anos de 1968 a 1973. Nele é relatado o movimento revolucionário dos estudantes, intelectuais e alguns religiosos, mas principalmente a opressão sobre a população em geral como um modo de manipulação dos “governantes” pela utilização da mídia para forjar a imagem negativa de quem se opunha ao regime, atos de tortura e desaparecimentos súbitos daqueles obstinados.
Baseado no livro escrito por Frei Betto, um dos torturados, o filme tem como uma característica marcante a verossimilhança, ou seja, a proximidade com a realidade da época. Isso se deve ao fato de não haver discrição ao relatar as cenas de tortura que, como mostradas no filme, constituíam-se na submissão dos frades ao pau-de-arara, espancamentos, choques elétricos, cadeira-do-dragão e torturas psicológicas.
Caso o longa-metragem não tivesse sido baseado nas histórias de um torturado, poderia ter acontecido como na cena do julgamento de Frei Tito, em que foi reprimido ao relatar sobre a tortura que sofrera, evitando desta forma possíveis críticas ao governo.
“- Proibo que inclua esta denúncia no depoimento do réu.
- Mas eu insisto que as palavras de Frei Tito sejam todas transcritas no processo.
- Mas vocês tentem compreender. A tortura é uma coisa de tal forma horrível, que é melhor nem falar dela.” (Diálogo presente no Batismo de Sangue).
A política “pão e circo”, criada em Roma como uma maneira de manipular a camada mais pobre da população e mantê-la distante das decisões do governo, influenciou o governo brasileiro a manter a população cada vez mais alienada, deixando-a afastada de qualquer movimento contra o Estado e sem “poder” expressar suas opiniões. Um exemplo retratado no filme seria a cena do bar, em que a notícia do milésimo gol do Pelé se sobrepôs a da morte do grande símbolo da oposição, Carlos Marighella, diminuindo sua relevância.
Decorrente desse fato, muitos artistas e intelectuais omitiram suas obras (como Geraldo Vandré, autor da música “ ¹Para não dizer que não falei das flores” ; Chico Buarque compôs “ ²Meu caro amigo” e “ ³Calice” entre outras) ou acabaram até se auto exilando por meio de protesto, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Fernando Gabeira, entre outras personalidades.
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