domingo, 21 de outubro de 2012

Uma dama entre vagabundos


No ano de 1979, a Europa se encontrava em um período de recessão econômica, elevadas taxas de inflação, altos índices de desempregos e uma quase incontornável crise petrolífera. Durante esse período de turbulência social, assumiu o poder na Grã-Bretanha a líder do partido conservador inglês, Margareth Thatcher.
Thatcher foi a primeira mulher que ocupou o cargo de Primeiro-Ministro britânico. Logo no início do seu mandato, efetivou uma série de medidas e mudanças, anunciou um plano para a redução dos impostos e passou a controlar e a realizar reformas institucionais nos sindicatos trabalhistas. Essas reformas lhe valeram o apelido de “Dama de Ferro”.
A Primeira-Ministra permaneceu no cargo de 1979 até 1990, ou seja, ocupou o cargo por 11 anos. Nos primeiros cinco anos, suas medidas e estratégias de governo não resultaram em melhorias na economia britânica; ao contrário, muitos estudiosos disseram que a Grã-Bretanha entrou num momento de maior recessão econômica. Entretanto, outros estudiosos, que compactuam com uma visão política liberal-conservadora, defenderam veemente o governo de Thatcher.
Os primeiro cinco anos do primeiro mandato de Margareth Thatcher foram bastante conturbados, por sua política anticomunista. O primeiro governo de Thatcher ficou marcado por diversas greves e manifestações dos sindicatos trabalhistas. Mas sua intervenção nas Guerras das Malvinas (Guerra entre Inglaterra e Argentina), em 1982, aumentou sua popularidade. Thatcher conseguiu sua primeira reeleição em 1984 em decorrência desse fato.  
Após o primeiro mandato, Thatcher promoveu um programa de privatizações das empresas estatais e continuou combatendo de forma radical os movimentos sindicais trabalhistas. A Primeira-Ministra britânica tornou-se uma das precursoras do neoliberalismo.
No ano de 1984, não negociou a liberação dos presos políticos e sofreu um ataque contra sua vida, realizado pelo grupo terrorista IRA (Exército Republicano Irlandês). Saindo ilesa do atentado, ganhou força e compactuou ainda mais com o capitalismo. Certa vez, disse: “A ganância é um bem” – essa frase é a clara concordância que a “Dama de Ferro” tinha com a acirrada concorrência capitalista.
No final da década de 1980, Margareth Thatcher continuava seu governo de forma rígida e inflexível. Conseguiu controlar a inflação e acelerou a valorização da moeda inglesa, porém não conseguiu baixar a taxa de desemprego. Sua segunda reeleição aconteceu em 1989, entretanto sua relação com o partido não era boa, o que levou à sua renúncia no ano de 1990. Acentuada ainda pela vitória do presidente norte-americano, George Bush, não simpatizante de Thatcher, um dos motivos da renúncia foi a perda do apoio externo dos Estados Unidos da América. 
A “Dama de Ferro” assumiu o cargo de Primeira-Ministra inglesa no ano de 1979, em plena Guerra Fria, e deixou o poder político britânico em 1990, após a queda do muro de Berlim (fim da Guerra Fria).  



Uma boa pedida é o filme A Dama de Ferro, que recebeu diversas indicações ao Oscar 2012.  Margaret Thatcher foi a primeira mulher a dirigir uma democracia moderna, no mundo Ocidental e em 1979 se tornou Primeira-Ministra do Reino Unido, onde governou até 1990; o filme abrange um olhar diferente sobre a história em si, e vai além da política com ações anti-populares para conter a inflação. O filme fala sobre a mulher por trás da política, em um momento delicado: A antiga primeira ministra está ficando mais velha, esquecendo seu passado glorioso. Ironicamente, é através dessa mulher que está começando a esquecer que vemos sua história. 
             O roteiro é bem sensível, basicamente composto de alguns flashbacks que Tatcher tem enquanto está confinada em sua casa. Confinada é a palavra correta, uma vez que a "Dama de Ferro" não pode sair sequer para comprar leite. A casa está repleta de seguranças na parte externa e há uma enfermeira em prontidão para ajudá-la sempre que necessário, mostrando que a inabalável ''Dama de Ferro" teve seus momentos de fraqueza também.
            A trilha sonora, composta principalmente de música clássica (punk somente quando mostra as revoltas da população para com ela) combina perfeitamente com todo o filme, que flui perfeitamente ao longo de suas 1h45 minutos de duração. O final é extremamente melancólico e emocionante. Mas esse seria apenas mais um bom filme não fosse pelo fator Meryl Streep. Nos primeiros 5 minutos de Dama de Ferro você já percebe que essa mulher é a melhor atriz dos nossos tempos mas Meryl dá um show de atuação, superando até mesmo algumas de suas atuações passadas. Ela passa da 'política desafinada' que Tatcher era, antes de receber consultoria, para a líder política, em seguida à mulher arqueada pela idade, tudo isso de uma cena para a outra. Está irreconhecível na versão mais velha de Tatcher mas, quando você pensa em outra atriz que representasse com mais perfeição esse momento, não consegue. Somente Meryl Streep conseguiria dar, ao mesmo tempo, a vulnerabilidade e a postura rígida de uma mulher que um dia ficou no poder, que a Dama de Ferro tem em sua ultima fase.  No final, graças ao roteiro mas, principalmente, à atuação, você até tem uma certa simpatia por essa figura polêmica. Afinal, tudo o que ela fez foi querer mudar seu país. Uma mulher a frente de seu tempo que, agora mais velha, está começando a esquecer, a enferrujar. 



Abaixo temos o vídeo para o trailer:


Análise Sociológica:
Se relacionarmos o contexto do governo de Margaret Thatcher podemos notar que, juntamente com o Ronald Reagan, houve a retomada da visão onde Estado não intervêm na economia, deixando ela se auto-regular por si só. Tal fato é inédito, pois desde o período Entreguerras o capitalismo baseado na filosofia de Adam Smith enfrenta um descrédito por parte da sociedade. Dessa forma, inicia-se, portanto, o neoliberalismo tal como o conhecemos hoje. 



Fontes:

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