domingo, 21 de outubro de 2012

Hugo Chávez por mais 6 anos


Hugo Chávez conquista 55% dos votos, vence a terceira eleição seguida e promete tornar “irreversível” o projeto do socialismo do século XXI. O venezuelano continua pintado de vermelho. O presidente venceu em 21 dos 23 estados. Com maioria parlamentar na Assembleia Nacional, terá ao menos dois anos para promover mudanças capazes de aprofundar o seu projeto, antes das eleições legislativas de 2015. Sua vitória não foi tão esmagadora como na última eleição presidencial, mas não foi apertada conforme previam os analistas mais conservadores e algumas pesquisas.


Para os governistas, 55% dos votos representam um aval inequívoco para avançar na consolidação do projeto do socialismo do século XXI. “ Nossa proposta foi transparente. Todos que votaram por Chávez votaram pelo socialismo, pela independência, pela soberania e pelo poder popular”, afirmou Blanca Eekhout, vice-presidente da Assembleia Nacional.
            De qualquer forma, a ala mais democrática da oposição saiu fortalecida, em detrimento da turma radical e golpista. Nas vésperas da eleição ventilava-se que, caso o resultado das urnas fosse apertado, os antichavistas mais exaltados estariam prontos para liderar uma onda de manifestações contra uma suposta fraude. Apesar de Capriles ter reconhecido a derrota, seu grupo não pôde contestar os resultados. A famigerada Praça Altamira, reduto opositor e palco de violentos protestos no passado, voltou a pegar fogo. O trânsito da movimentada avenida de acesso na capital foi bloqueado por uma barricada. Os manifestantes queimaram lixo e pneus. Capriles e outros dirigentes da oposição criticaram a ação nas redes sociais, numa tentativa de se desligar da ação. O protesto durou pouco mais de 24 horas e foi dissolvido pelo prefeito. O governo federal não interveio.
            Segundo analistas próximos ao governo, não haverá grandes mudanças na estrutura econômica. Chávez deve manter o controle dos setores considerados estratégicos, entre eles, petróleo, telecomunicações, alimentos e eletricidade, e tende a fazer menos pressão sobre o empresariado, que vê nas expropriações um entrave a novos investimentos. “Desde que cheguei a Miraflores, dizem que vou acabar com a propriedade privada e aí está”, disse o presidente durante uma entrevista coletiva.
            Nos próximos seis anos, o governo tende a apostar na transformação do aparelho produtivo por meio de incentivos ao setor privado e promover a criação da chamada economia social. O novo ramo prevê a criação de Empresas de Propriedade Social (EPS), que devem funcionar como motor econômico do chamado “Estado comunal”. A iniciativa, já com lei própria, prevê a criação de “comunas”, com o reordenamento territorial de diferentes municípios por meio de agrupamentos dos conselhos comunais (conselhos de vizinhos). Nas comunas, seus dirigentes contarão com legislação e poder próprio, paralelo ao poder de governadores e prefeitos. Há ao menos dez “comunas-modelo” na Venezuela.

Fonte: Revista Carta Capital

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