Hugo Chávez conquista 55% dos votos, vence a
terceira eleição seguida e promete tornar “irreversível” o projeto do
socialismo do século XXI. O venezuelano continua pintado de vermelho. O
presidente venceu em 21 dos 23 estados. Com maioria parlamentar na Assembleia
Nacional, terá ao menos dois anos para promover mudanças capazes de aprofundar
o seu projeto, antes das eleições legislativas de 2015. Sua vitória não foi tão
esmagadora como na última eleição presidencial, mas não foi apertada conforme
previam os analistas mais conservadores e algumas pesquisas.
Para os governistas,
55% dos votos representam um aval inequívoco para avançar na consolidação do
projeto do socialismo do século XXI. “ Nossa proposta foi transparente. Todos
que votaram por Chávez votaram pelo socialismo, pela independência, pela
soberania e pelo poder popular”, afirmou Blanca Eekhout, vice-presidente da
Assembleia Nacional.
De
qualquer forma, a ala mais democrática da oposição saiu fortalecida, em detrimento
da turma radical e golpista. Nas vésperas da eleição ventilava-se que, caso o
resultado das urnas fosse apertado, os antichavistas mais exaltados estariam
prontos para liderar uma onda de manifestações contra uma suposta fraude.
Apesar de Capriles ter reconhecido a derrota, seu grupo não pôde contestar os
resultados. A famigerada Praça Altamira, reduto opositor e palco de violentos
protestos no passado, voltou a pegar fogo. O trânsito da movimentada avenida de
acesso na capital foi bloqueado por uma barricada. Os manifestantes queimaram
lixo e pneus. Capriles e outros dirigentes da oposição criticaram a ação nas
redes sociais, numa tentativa de se desligar da ação. O protesto durou pouco
mais de 24 horas e foi dissolvido pelo prefeito. O governo federal não
interveio.
Segundo
analistas próximos ao governo, não haverá grandes mudanças na estrutura
econômica. Chávez deve manter o controle dos setores considerados estratégicos,
entre eles, petróleo, telecomunicações, alimentos e eletricidade, e tende a fazer
menos pressão sobre o empresariado, que vê nas expropriações um entrave a novos
investimentos. “Desde que cheguei a Miraflores, dizem que vou acabar com a
propriedade privada e aí está”, disse o presidente durante uma entrevista
coletiva.
Nos
próximos seis anos, o governo tende a apostar na transformação do aparelho
produtivo por meio de incentivos ao setor privado e promover a criação da
chamada economia social. O novo ramo prevê a criação de Empresas de Propriedade
Social (EPS), que devem funcionar como motor econômico do chamado “Estado
comunal”. A iniciativa, já com lei própria, prevê a criação de “comunas”, com o
reordenamento territorial de diferentes municípios por meio de agrupamentos dos
conselhos comunais (conselhos de vizinhos). Nas comunas, seus dirigentes
contarão com legislação e poder próprio, paralelo ao poder de governadores e
prefeitos. Há ao menos dez “comunas-modelo” na Venezuela.
Fonte: Revista Carta Capital
Nenhum comentário:
Postar um comentário