terça-feira, 2 de outubro de 2012

100 anos da revolta camponesa do contestado

   A revolta do contestado (1912-1916) é uma das várias ocorridas na época da República Velha no Brasil. A região do contestado fica na divisa entre o Paraná e Santa Catarina e tem este nome pois era visado por estes dois territórios.
   A história brasileira é marcada por inúmeras revoltas populares contra leis injustas ou pelo acesso à terra, pois a posse do território sempre foi entregue a aristocratas e oligarquias e isso prevaleceu nos ciclos da cana e do café. Na transição do Império para a República foi inevitável a libertação dos escravos após a proibição do tráfico negreiro. Nesta mesma época, a lei de terras permitiu a legalização das posses dos latifundiários e proibiu a distribuição de novas áreas públicas. Ou seja, toda terra deveria ser comprada e com isso nem os escravos libertos, nem a maioria dos imigrantes europeus tinham recursos para ter acesso a terra. Neste contexto, e com as injustiças cometidas contra a população do contestado (como a construção da estrada de ferro que passava por este território, que resultou na expulsão dos pequenos proprietários locais e da retirada da madeira da região, que servia como forma de sustento) se deu a origem do conflito no campo.
   Mais de 40 mil de camponeses se armaram como puderam e foram à luta pelo direito a terra inspirados principalmente por José Maria. Porém, a revolta foi sufocada por soldados da República, e mais de 10 mil camponeses foram mortos, inclusive José Maria. A revolta tomou proporções tão grandes que só depois de 46 meses de conflito os revoltosos foram derrotados, após ficarem isolados, sem comida nem remédios contra o tifo, doença que vitimou muitos moradores da região.
   Os conflitos no campo no período da República Velha foram resultado da grande exclusão social do país, e apesar de pouco lembradas, têm muita importância.



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