domingo, 19 de agosto de 2012

O sempre amado


 Como sabemos, 2012 é o ano do centenário de um dos maiores escritores brasileiros: Jorge Amado. Portanto, iremos dividir esse curto espaço que temos no blog com esse baiano arretado e suas obras que continuam a encantar o mundo inteiro.


 Jorge Amado, um dos representantes do ciclo do romance baiano, nasceu em Itabuna, Bahia, em 10 de agosto de 1912. É considerado é dos principais representantes do romance regionalista da Bahia.
 Este romancista brasileiro é um dos mais lidos no Brasil e no mundo. Com livros traduzidos para diversos idiomas, suas obras refletem a realidade dos temas, paisagens, dramas humanos, secas e migração.   
 Escritor desde a adolescência, Jorge Amado segue o estilo literário do romance moderno. Em seus livros existe o domínio do físico sobre a consciência. Suas personagens geralmente são plantadores de cacau, pescadores, artesãos e gente que vive próximo ao cais, em Salvador, capital da Bahia. 
 O estilo deste autor também é conhecido como romance da terra e seus livros possuem uma linguagem agradável e de fácil compreensão. Suas obras literárias conquistaram não só os falantes da língua portuguesa como de outros idiomas: inglês, espanhol, francês, italiano, alemão, etc. 
 Morreu em Salvador ( Bahia ), no dia 6 de Agosto de 2001, quatro dias antes de completar 89 anos de idade.  


 Para homenagear esse inesquecível autor nada melhor do que relembrar suas obras mais marcantes:

  • Capitães da areia

 Uma história dos meninos-de-rua da Bahia, na década de 30. Narrativa do amor de Dora e Pedro Bala. Peripécias do bando de menores que perambula perigosamente pelas ruas e pelo cais de Salvador, cidade “negra e religiosa”, onde se projeta a personalidade da ialorixá Aninha, mãe-de-santo do Ilê Axé Opô Afonjá. Dora morre, doente, no trapiche enluarado. Pedro Bala é preso, foge, mete-se em greves de estivadores, até que se converte em “militante proletário, o camarada Pedro Bala”. O problema é que o livro é publicado em 1937, logo em seguida à implantação do Estado Novo, regime violentamente anticomunista. Assim, a edição é apreendida – e exemplares do livro são queimados em praça pública, na Cidade da Bahia, por representantes da ditadura. Mas de nada adiantou. Quando pôde voltar à cena, Capitães da areia conquistou o grande público e é ainda hoje um dos maiores sucessos de Jorge Amado.


  • Tieta do Agreste


 Década de 1970. A Bahia – a “Nova Bahia”, como então se dizia – sob o impacto da indústria petroquímica. O mar de Iemanjá ameaçado de se converter em depósito de metais pesados. A cidade povoando-se de hotéis e agências publicitárias. A população inflando. O paraíso hippie-contracultural de Arembepe anexado a um anel industrial. É nesse contexto que Jorge Amado publica, em 1977, Tieta do Agreste, romance escrito entre a praia de Buraquinho e a cidade de Londres. O livro é a recriação da vida cotidiana numa pequena cidade do litoral norte da Bahia, próxima à foz do Rio Real, região de Mangue Seco, num momento crucial de sua história – momento em que a sua paz, a sua vegetação, as suas dunas e as suas praias se transformam em alvo de uma empresa poluidora, a Brastânio, Indústria Brasileira de Titânio S. A. É nesse horizonte que se movem personagens como Dário Queluz, Ascânio, o vate Barbozinha, o seminarista Ricardo, Zé Esteves, Carmosinha, Elisa, Perpétua. Mas, sobretudo, Tieta – a pastora de cabras que fizera fortuna em São Paulo, gerenciando moças para políticos e empresários, e que agora retorna, buscando um paraíso que vê se perder.


  • Dona flor e seus dois maridos



 Conta Jorge Amado que, certa feita, conheceu uma senhora que vivia atormentada. Tinha sido casada com um boêmio, enviuvou, casou-se de novo – desta vez, com um português bem comportado. Ia tudo muito bem, até que o primeiro marido começou a aparecer em seus sonhos, querendo ir para a cama com ela. Daí a sua perturbação. Uns trinta anos mais tarde, caminhando com um amigo pelas ruas de Salvador, Jorge Amado viu um sujeito todo vestido de branco, estirado numa escadaria, num tremendo porre. Lembrou-se, de imediato, de um amigo de juventude, Vadinho – sujeito rico, farrista, jogador, que vivia “perdendo dinheiro e ganhando mulheres”. Alguns quarteirões adiante, topou com uma placa, fixada na porta de uma casa, onde se lia: Escola de Culinária Sabor e Arte. Para completar o quadro, Jorge Amado e seu amigo se extasiaram, nessa mesma tarde, com a visão de uma belíssima morena, debruçada na janela de um sobrado. Jorge Amado comentou então que, àquela morena deslumbrante, Vadinho certamente teria dito: “quero saborear-te”. De repente, as cenas desse passeio a pé por Salvador se fundiram com as imagens da senhora aflita, assediada em sonhos pelo primeiro marido. Tudo se acoplou de tal forma que, no dia seguinte, Jorge Amado já estava em cima da máquina, escrevendo um novo romance. E assim veio à luz, em 1966, a história de Flor, dona da conceituada Escola de Culinária Sabor e Arte, e de Vadinho e Teodoro, seus dois maridos.

  • Gabriela, cravo e canela

 Em 1956, ocorreu um fato fundamental: o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, desfechando críticas e denúncias contra a ditadura de Stálin. Jorge Amado vê que vai ficando definitivamente para trás o dogma de que a literatura não deveria mais ser do que um instrumento ideológico, partidário. Ele está agora no Brasil, no Rio de Janeiro. E quando faz a sua rentrée literária, em 1958, com a publicação de Gabriela, cravo e canela, quase que sugere um novo Jorge Amado. É claro que não abole, pura e simplesmente, os vínculos com a sua obra anterior. Mas é outro o olhar que dirige às coisas do mundo e da vida. Permanece socialista, mas acentuando, sempre com maior ênfase, o qualificativo “democrático”. Gabriela, de resto, é um retorno ao chamado “ciclo do cacau”. Ao universo de coronéis, jagunços, prostitutas e trambiqueiros de calibre variado, que desenham o horizonte da sociedade cacaueira. No caso, a Ilhéus rica da década de 20, ansiando progressos e avançando na noite litorânea, entre bares e bordéis. A perspectiva, no entanto, é claramente distinta. Antes que se articular em função do utopismo marxista, o livro se deixa imantar pelo seu presente. E é uma explosão, uma folia de luz e cor e som e sexo e riso. O sucesso é imenso. E a trama do romance vai se desprender das letras, da moldura tipográfica, para virar filme, telenovela, fotonovela, quadrinhos, canção.

A fundação da Casa de Jorge Amado tem a função de manter em nossas memórias os feitos desse inesquecível autor. Esta instituição promove e estimula a literatura baiana e, ao mesmo tempo, cultiva o espírito brasileiro pelo mundo a fora. Para mais informações sobre o nosso querido Amado e suas obras é só visitar o link abaixo. Boa leitura!

http://www.jorgeamado.org.br/?page_id=148
http://www.suapesquisa.com/jorgeamado/


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