quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O Desafio do Déficit fiscal para Obama

 O presidente reeleito dos EUA, Barack Obama, e o Congresso americano têm menos de dois meses para evitar o que muitos qualificam como a maior ameaça à economia do país (e do mundo) no curtíssimo prazo: o chamado "abismo fiscal". Deputado republicano quer "passos conjuntos" com Obama.

Entenda o que é "abismo fiscal" americano:

A expressão sintetiza um complicado emaranhado de estímulos fiscais (impostos reduzidos), que devem acabar, e cortes mandatórios de gastos públicos, que vão entrar em vigor a partir do início do ano que vem nos EUA. Estudos do Congresso orçam o impacto desse "abismo fiscal" em US$ 600 bilhões.

Caso essa combinação de cortes brutais nos gastos públicos e fim de estímulos econômicos realmente ocorram, é consenso de que vai levar os EUA de volta à recessão, da qual escaparam há somente três anos. Esse cenário pode ser evitado caso republicanos e democratas, que dividem o poder no Congresso, chegue a um acordo em tempo hábil.

A ideia é estender alguns desses estímulos fiscais, isto é, alongar o prazo de algumas reduções de impostos e tributos em vigor, e estabelecer quais cortes de gastos devem ser feitos e quais devem ser deixados de lado. Alcançar esse consenso esbarra na polarização ideológica do país, que se reflete no Congresso: enquanto a Câmara é dominada pelos republicanos, o Senado é controlado pelos democratas.

Matérias polêmicas propostas pelo governo, a exemplo da reforma do sistema de saúde, já foram rejeitadas na Câmara quase sem nenhum voto republicano de exceção. A ameaça é de tal monta, que no início desta semana, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o G20 (grupo dos 20 países mais ricos) instaram para que os EUA agissem "rapidamente" para evitar esse cenário.

"O governo dos EUA já é deficitário há muitos anos e tem medidas implementadas nos últimos anos que podem retirar até US$ 500 bilhões da economia do país em 2013", explicou Geraldo Zahran, coordenador do Observatório Político dos EUA.
 




Além de incentivos tributários e medidas fiscais, uma das medidas que vão expirar é a do fim dos cortes de impostos da era Bush. "É uma economia que ainda está em lenta recuperação que vai ter um aumento na alíquota de imposto de renda e cortes no orçamento federal. Os especialistas estão apontando que isso pode levar o país de volta à recessão, principalmente no primeiro semestre de 2013, afetar a geração de empregos e a geração de renda", disse Zahran.

De acordo com o economista Rodolfo Oliveira, da Tendências Consultoria, uma das grandes dificuldades para Obama contornar o déficit é a ideologização do Congresso, onde o Senado está na mão dos democratas e a Câmara na dos republicanos. Então, Obama deve fechar um acordo com os legisladores de Washington antes de 31 de dezembro.

"As eleições que importavam eram as legislativas. Qualquer proposta pode ter o veto de uma das casas. Há um impasse. Eles vão ter de chegar no meio do caminho, em um ajuste intermediário que não prolongue mais tudo isso e que mantenha algumas coisas, através de um plano fiscal de longo prazo. Mesmo com os republicanos muito avessos a qualquer medida que inclua aumento de impostos", analisou. "Uma solução seria fazer esse reajuste de uma maneira mais lenta e escolher setores específicos para reduzir o déficit e a dívida norte-americana".

Fontes:

http://g1.globo.com/mundo/eleicoes-nos-eua/2012/noticia/2012/11/desafio-de-obama-sera-retomar-saude-fiscal-dos-eua-diz-especialista.html

http://oglobo.globo.com/economia/deficit-fiscal-dos-eua-supera-us-1-trilhao-pelo-4-ano-seguido-6385372

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